Carta à igreja evangélica brasileira

19.01.2016

Por Andis Borges

Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus” (Mateus 3:2). Assim apareceu um homem excêntrico pregando no deserto. O nome desse homem era João, e sua alcunha, o batista. Mas espere! Não somente João Batista conclamou o povo ao arrependimento, mas também o próprio Senhor Jesus, o qual, após ser batizado, compelido ao deserto pelo Espírito Santo, regressar e ir para os confins de Zebulom e Naftali, disse _ como antes dito por João Batista _ “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus” (Mateus 4:17). Assim começa Jesus a anunciar o Reino vindouro.

 

Se, como profeta de Deus, a voz de João Batista se fazia tão audível, quanto mais a voz do Filho de Deus. Voz que chama cada homem a olhar para seu interior, julgando suas próprias ações, reconhecendo sua própria mazela e se arrependendo-se de cada um dos seus erros. E, mais que isso, Jesus nos convida a renunciar nosso próprio ego, para, por amor a Ele, tomar nossa cruz e segui-lo. Como recompensa, Jesus anuncia que “aquele que quiser salvar sua vida a perdê-la-á, e quem perder sua vida por amor de mim a achá-la-á” (Mateus 16:24,25).

 

Essas palavras parecem um pouco duras? Então o que dizer de Lucas 14:33: “Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”? Alguém realmente acredita que estas palavras não se aplicam a nós?

 

O propósito desta carta, ou melhor, desta mensagem inicial, é lembrar à igreja de Cristo, que se encontra no Brasil, o preço do discipulado e o porquê fomos chamados. Lembrar qual a promessa que nos foi feita por Aquele que faz cumprir cada “til da lei”. Não fomos chamados com base em promessas e recompensas deste mundo, o qual jaz no maligno. Antes foi nos garantido que no mundo teremos aflições (João 16:33). Se o próprio Senhor nos disse que teremos aflições, então por que tantos de nossos pastores pregam um evangelho falacioso, prometendo riquezas e bênçãos materiais; vitórias terrenas; conquistas efêmeras? Ao pregarem esse “evangelho” contrariam a palavra do Mestre, estimulando algo que o Senhor nos disse para não fazermos: o acumulo de riquezas, conforme escrito em Mateus 6:19,20

 

 “Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde ladrões arrombam para roubar. Mas ajuntai  para vós outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde os ladrões não arrombam e roubam”.

 

Infelizmente a verdade é esta: desviamos do evangelho do reino de Deus. Como igreja estamos distantes do chamado de Cristo para nós. Mas felizmente nem todos… Nunca todos. Em tempo algum toda a igreja esteve distante do Senhor. Sempre existiu aqueles que estavam ávidos por viver o chamado ao discipulado, pagando o justo preço que lhe cabe, a saber: tudo o que o discípulo possuía! E hoje não é diferente. Então, alguns perguntariam, “qual o problema, Andis?” O problema é que o evangelho do Reino tem perdido espaço para o evangelho do ego. Um discurso egocêntrico em nossos púlpitos, com apelos emocionais e um discurso direcionado para anestesiar a consciência de uma geração perversa, egoísta e ególatra. Uma geração egoica, que anseia pelo auto-realizar muito mais que pelo Reino de Deus. Uma geração que anseia por um deus que supra seus mimos. Não pelo Deus e Pai de Jesus, o Messias crucificado.

 

Enquanto campanhas são feitas em prol da prosperidade, bênçãos são vendidas por meio de amuletos e adufes, e o ego do pecador é acariciado por sermões rasos, os famintos permanecem com fome; os sedentos, com sede; os doentes, em seus leitos; os mortos, jazendo no mundo; os pecadores, atolados na lama. Qual o preço pago para se manter as igrejas lotadas e os gazofilácios abarrotados? Alguns dirão: “menos, Andis! Isso é um exagero”. Outros dirão: “quem é você para nos dizer tais coisas”? Ou ainda, poderiam dizer que digo tais coisas me opondo a igreja. Em minha defesa, eu respondo. Primeiro: não é exagero; é a dura verdade. Segundo: sou apenas um cristão que foi resgatado por Cristo e se encontra “No Caminho” enquanto o Senhor me livra do pecador que sou para que possa viver em sua gloriosa Presença. Por fim, reforço: não me oponho à igreja. Jamais! Antes, faço parte da igreja. Me incluo nela. E mais: sou igreja. Mas, tal como nos tempos de Lutero, no qual a igreja se encontrava distante do evangelho, a ponto do padre Lutero apontar 95 teses de práticas da igreja que desvirtuavam as escrituras, quantas teses não poderiam ser levantas nos dias de hoje contra a igreja?

 

Meus irmãos. Nossos pastores, bispos, apóstolos: Lembremos das palavras de nosso Senhor Jesus à igreja de Éfeso, em Apocalipse 2:5 “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. Embora o versículo citado esteja fora de contexto, essa mensagem vale para nossa geração: é tempo de arrependimento. Tempo de voltar as primeiras obras. Tempo de voltar ao primeiro amor. Voltemos à sã doutrina, a saber, o ensino dos apóstolos.

 

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